domingo, 15 de outubro de 2017

AMAR NA E COM A DIABETES




Como é tão, mas tão importante esta questão na gestão saudável da diabetes. E não só na Diabetes...penso que é transversal a todas as doenças crónicas.
A cumplicidade e a participação ativa da  família e parceiro podem auxiliar no convívio com a diabetes. Esse cuidado poderá fazer com que a pessoa com a doença não se sinta sozinho e único. Assim, ter informações sobre a diabetes pode auxiliar a enfrentar as diferentes situações que podem surgir. A informação é importante para que se possa distinguir o que é mito do que realmente pode acontecer.
Há pessoas com diabetes que assumem um papel de vítima, algumas vezes pode ser por não aceitar a condição, ter dificuldades com limites, ter dificuldade de discriminar o que tem de bom nas relações com os outros, entre outros aspectos. Isto é, fazem uso da doença para obter ganhos, incluindo os afetos. Mas estabelecer bons vínculos com quem se pode contar (família e parceiro), pode significar suportar o sofrimento e compreender o outro, saindo da condição de vítima e estabelecendo uma boa relação com afetos e cuidados ao outro sem precisar se depreciar.
Felizmente sempre me considerei uma pessoa "forte" e resiliente desde muito nova, aliás, característica esta reconhecida também pela minha família. Quantos de nós com Diabetes nunca ouviu "Tens Diabetes? Não parece nada...coitadinha". E se há coisa que não me agrada de todo na vida é ouvir ou sentir que uma outra pessoa acha isso mesmo, que somos ou nos podemos achar uns "coitadinhos". Quem pensa ou diga isso, ela própria carece de afetividade e sobretudo de empatia. Sempre fui à luta, mesmo vivendo mais recentemente com uma outra condição crónica de saúde. Falta de empatia geram também atitudes discriminatórias, que já senti em relações pessoais  e mais recentemente a nível laboral...pensamos que nunca nos aconteceria mas a realidade por vezes é dura, e quando pensamos que não nos chega, voilá!, a discriminação no seu sentido mais restrito e mais lato da palavra, atitudes que atropelam todas as leis vigentes de proteção a pessoa com doença crónica. Mas assim aprendemos e percebemos com quem na realidade podemos contar e que de alguma forma nos compreende...e nos tornamos então mais resilientes. Viver com a Diabetes e, no meu caso, aliada a uma outra doença do foro reumático (a qual me traz diariamente dor física), é difícil, mas com ajuda, afeto e compreensão de outros, de facto pode tornar-se menos "pesado".

A vida flui onde há cumplicidade, amor,carinho e atenção. Quem tem diabetes requer estas
atribuições como qualquer outra pessoa,  e ter vínculos permanentes pode trazer benefícios especiais para o tratamento e cuidado da diabetes.

Deixo aqui um lindo testemunho de alguém que vive/convive diariamente com outra pessoa com Diabetes tipo 1, tratada com esquema intensivo de insulina (seja com bomba de insulina ou com a sua administração com canetas).

É isto...é muito isto :-)

"Eu não tenho diabetes. Mas convivo há anos com uma pessoa com diabetes e faço o possível para participar e ajudar nos cuidados diários. Horários para a alimentação. Rotina de exercícios. Horários para remédios. Acordar a noite para auxiliar na correção da hipoglicemia ou hiperglicemia. Dar colo quando os dias difíceis aparecem e lembrar sempre o quão incrível ela é por enfrentar o tratamento, e mesmo com as suas dificuldades, nunca desistir.
Os cuidados com diabetes exigem atenção para algumas atividades de rotina. Contar carboidratos, medir a glicemia antes de comer, aplicar insulina entre outras. Com o tempo essas atividades ficam mais automáticas e até parecem naturais. No entanto, por serem “24/7”(24h por dia 7 dias por semana) eles nunca terminam, cansam e as vezes esgotam. Algumas vezes tenho vontade de carregar um pouco alguns cuidados. Mas não tenho como viver a diabetes por ela, no entanto posso ajudar. Ajudando a manter os horários das refeições. Na escolha da alimentação (prestando mais atenção ao que comemos). Com a rotina de atividade física, incentivando a rotina e convidando para caminharmos juntos. Ouvindo seus sentimentos com muito carinho e mostrando um lado bom quando as coisas ficam difíceis.
Algumas dicas que aprendi foram:
  • Não adianta só cobrar: Não é cobrando por melhores resultados que ajudamos. Isso só gera pressão adicional que não é necessária e normalmente acabamos cobrando pelo medo que sentimos de que algo de mal lhes aconteça. Tem duas perguntas que aprendi que são fundamentais: “Como você está se sentindo em relação à isso?” e “Existe alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar?”.
  • Vale a pena aprender: Ler livros, sites e blogs, acompanhar as consultas (mesmo que de longe, perguntando como foi), participar de palestras educativas ou ONGs além de ensinar o familiar como agir em determinadas situações, demonstram o interesse no assunto e, quem tem diabetes se sente visto, reconhecido e acolhido.
  • Empatia: Você familiar já mediu a sua glicemia alguma vez? Já usou um cateter por alguns dias? Acompanhou no treino de ginástica? Ao nos colocarmos no lugar do outro além de entendermos melhor como funciona, o outro sente o seu esforço, te permite estar mais próximo e ajudar mais com o tratamento.
  • Esteja disposto a ouvir (com ouvidos livres): O tratamento do diabetes é muito complexo. Ao planejar uma viagem, diabetes. Ao pensar no novo trabalho, diabetes. Está com gripe, diabetes. Estresse emocional, diabetes. Se deitar a noite, diabetes. É muita coisa. As vezes a pessoa com diabetes só precisam falar um pouco sobre seu tratamento, e se você ama, não tenho dúvida, estará disposto a ouvir.
 Existem diversos estudos que mostram o quanto o apoio da família e companheiro(a) ajuda na aceitação e no tratamento da pessoa com diabetes. E na verdade, nem precisamos de estudos para saber o quanto o acolhimento e escuta de outra pessoa nos fazem sentir melhor, pois isso acontece conosco em nossas vidas também.
Pode facilitar a adesão ao tratamento e contribuir para a prevenção de complicações em longo prazo. Proporcionando melhoria da qualidade de vida durante a evolução do diabetes.
 
Portanto, quando a família participa dessa nova rotina, a pessoa com diabetes se sente acolhida. Não tendo que carregar sozinha todo o fardo do tratamento. Compartilhando os desafios com os demais integrantes da família.”  (testemunho in http://gliconline.net/amor-apoio-diabetes/ )

quinta-feira, 12 de maio de 2016

12 de Maio, Dia Internacional dos Enfermeiros- um dia de todos nós

Este foi o meu primeiro livro que comprei sobre o "ser Enfermeira". Estavamos no ano 1996, tinha acabado de saber que tinha entrado para o curso que sempre sonhei: Enfermagem. Passei por uma livraria na minha terra natal onde na altura passava férias, Caminha, e ao passar pela livraria, lá estava ele na montra e não hesitei em entrar,folhear o livro e comprá-lo.Nos dias seguintes foi a minha leitura.Ainda hoje o guardo como uma relíquia. Tenho uma adoração por aquilo que faço no meu dia a dia, mesmo com todos os contratempos que naturalmente existem em todas as profissões, mas tudo isso faz parte do nosso percurso, e se há alguma coisa que os Enfermeiros estão habituados no nosso País, é viver com contratempos e alguma falta de valorização dos nossos governantes, mas não da população,essa sim a quem prestamos cuidados altamente reconhecidos,também ao governante fora do contexto da sua governação.
Numa viagem que fiz a Londres fiz questão de passar pela igreja e túmulo onde se encontra sepultada Florence Nightingale, a enfermeira conhecida como a " Dama da lâmpada ",que tratava durante a noite os feridos de guerra da Crimeia com auxílio de uma lampada, e lançou as bases da enfermagem profissional. Nasceu a 12 de Maio, data esta então escolhida como Dia Internacional do Enfermeiro.
Deixo aqui uma passagem do prefácio do livro " Ser Enfermeira", prefácio este escrito por Therese Guimond, na altura diretora geral e secretária da Ordem dos Enfermeiros do Quebec: "Efectivamente,se são (as enfermeiras/os) acarinhadas pelo publico e mais ouvidas pelo governo, resta-lhes ainda desenvolver esforços, a fim de demonstrar claramente a complexidade, a economia e a qualidade dos serviços e dos cuidados que prestam".
Parabéns Srs e Sras Enfermeiras de todo o Mundo.


domingo, 8 de maio de 2016

Reportagem Unidade Coordenadora Funcional da Diabetes ACES Algarve I Central






Na edição de Março de 2016 do Jornal "O Médico - cuidados de saúde primários" a reportagem sobre a Unidade Coordenadora Funcional da Diabetes, do Agrupamento de centros de saúde do Algarve Central (ACES Central), da qual faço parte, com muito orgulho, como representante da carreira de Enfermagem na área da Diabetes. Deixo fotos da reportagem na íntegra, pois não é publicado on-line, uma vez que este jornal é distribuído em formato escrito pelos centros de saúde de todo o país. Tentamos, toda a equipa, quer hospitalar, quer do ACES, desenvolver todo um trabalho em prol da melhoria dos cuidados às pessoas com Diabetes. Por vezes é complicada esta dedicação, pois todos os profissionais desta unidade prestam cuidados aos seus utentes noutras áreas diariamente, e temos sempre de conseguir um tempo (na maioria das vezes no tempo que nos resta do dia, após terminarmos a nossa jornada de trabalho, e muitos fins de semana a abrir mão do nosso descanso), mas a gratificação de percebermos as práticas dos profissionais ligados à Diabetes a mudarem para que se faça a diferença e a atualizarem-se é enorme, e que tudo isto se reflete em ganhos em saúde. Bem hajam a todos desta equipa, e a todos os profissionais de saúde que se empenham cada vez mais nesta área.v
Clique nas fotos para ler na íntegra.



sábado, 16 de abril de 2016

Patient Innovation-plataforma e rede social de partilha de soluções inovadoras criadas por doentes e cuidadores de qualquer doença

Conheço este projeto há já algum tempo e partilho com todos o quanto acho extraordinário este trabalho desenvolvido por pessoas portadoras de doença crónica ou seus cuidadores. A premissa principal é a da que existe em cada doente e cuidador um enorme potencial inovador. Quando lidamos diariamente com situações diversas e desafios dessa condição ou de outras pessoas de quem somos próximos,doentes e cuidadores desenvolvem frequentemente soluções inovadoras, sob a forma de novos tratamentos ou equipamentos/dispositivos médicos. O objetivo desta rede social é facilitar a partilha dessas ideias e soluções de forma a ajudar a ultrapassar situações mais difíceis do dia a dia com a doença.
Esta plataforma universal resulta de um projeto de investigação desenvolvido por uma parceria entre universidades internacionais, liderado pela Católica-Lisbon School and Business and Economics, pelo MIT (Massachusetts  Institute of Techonology) e pela Carnegie Mellon University. Entre outros parceiros em Portugal, está a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, a mais antiga associação do mundo dedicada à doença.
Partilho o link para que todos possam conhecer o projeto e participar nele ou dar a conhecer a outros.

Patient Innovation




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